domingo, 31 de maio de 2009

Olhos nos Olhos ô.ô

Trio de poemas relacionados com olhos que fechei agora:


Olhos na Noite
(Isabela Figueiredo)

Teus olhos de gato
rasgaram a boca da noite
estava em cima do telhado
quando recebi o açoite
dois clarões amarelos
dois sóis etéreos
vibrando
realçados no cabelo de fogo.
Eu e meus azuis ficamos desamparados
eu que carregava o céu e o asfalto
perdida em luz
no mundo da lua...
Despertei
Teus olhos em mim
e eu sempre tua.
E assim descobrimos o amor tão simples
e a noite tão crua.




Visualização
(Isabela Figueiredo)

Quero uma foto sua
para ver seus olhos
enquanto estiver dormindo
Não me faça esperar
mais um segundo
ficar longe de você
é traumatizante
Você deteriora as horas
e faz
o espaço dos seus passos
reverter em abraços
E eu fico pensando
idealizando nossos encontros
sentindo todo seu corpo
como quem sente o perfume de uma flor:
sua boca em minha boca
suas coxas nas minhas
e todas as coisas
observando
enquanto fazemos amor.




Olhos de Gato
(Isabela Figueiredo)

Seus olhos me buscam
como um gatinho
debruçado no para-peito
à espera da presa

Seus olhos perfuram
como um gatilho
um tiro no peito
liberta a represa

...e pensamentos me inundam
por todos os lados.

Seus olhos intactos
miando, em cio, no telhado.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Poesia Viva no YouTube

Então, pra ficar bem fácinho de encontrar todos os vídeos da turma poética no You Tube, aqui vão os links(prepare-se para encontrar pérolas):

Cantos do Trilho (Poesia em Santa Teresa):
I- http://www.youtube.com/watch?v=A6r8cY9ztXs
II- http://www.youtube.com/watch?v=vkPQUHd5r_o
III- http://www.youtube.com/watch?v=Cq7eV4MqEJU
vaaaários poetas


Versos Inspirados (Gustavo Saba na guitarra):
http://www.youtube.com/watch?v=tF0Z0-G1MiY
amo muito essa galera


Versão completa do Pentelho (de Cairo Trindade)
http://www.youtube.com/watch?v=thOd9rG6_P8
Lucas aplaudiu esse vídeo


Sapo Bufão (SabaSauers na Semana da Poesia de 2008)
http://www.youtube.com/watch?v=r_FbWBiKLJ0
BUF!


Homenagem a Cairo Trindade (Laura Esteves, Marcus Vinicius Quiroga e Tanussi Cardoso na UFRJ)
http://www.youtube.com/watch?v=bTKD2W1iokE
bacana!


Manifestação em Prol da Estátua do Vinicius (na Primeira Semana da Poesia, em 2008)
http://www.youtube.com/watch?v=ZZApF1GFHkA
tudibão!


Eduardo Tornaghi dizendo poema Desordem do Mario Annuza (no Barteliê!)
http://www.youtube.com/watch?v=Hpr8-fe2gtE
um must!


Movimento Inverso no Barteliê (em 23 de Novembro de 2007)
I- http://www.youtube.com/watch?v=fRnc47qa_54
II- http://www.youtube.com/watch?v=JGK0sZgVzC8
o câmera tava viajando no cenário, rs
Destaque para o Poema da Buceta Cabeluda, no final do segundo vídeo.


Graça Carpes recitando no Corujão do João (em outubro de 2008)
http://www.youtube.com/watch?v=8TlEoGeTxdQ
pra acalmar.


Omar Marzagão no Corujão da Poesia (em 2008)
http://www.youtube.com/watch?v=hS-lulvQq_s
com direito a saxofonista e tudo! lindíssimo!


Rapidinhas do POLEM - Poesia no Leme (04/03/2009)
http://www.youtube.com/watch?v=7RPjhf4IqiQ
o vídeo tá escuro, mas o áudio tá bom.


Ricardo Maia (Baguncinha registrada no evento Poesia à La Cave)
http://www.youtube.com/watch?v=Suq8SvTaRkM
Êta pau-pereira!


Igor Cotrim e Glad Azevedo (performance no Corujão do João)
http://www.youtube.com/watch?v=GRef_s8A890
Hilário!


Tico Santa Cruz na voz e Igor Cotrim na performance (Poesia Voa - em 11 de dezembro de 2006)
http://www.youtube.com/watch?v=ZQgFO0qVm_Y
eu estava lá!


No Pan do Rio tem poesia (em memória do poeta Reynaldo Sanchez):

I- http://www.youtube.com/watch?v=ZoekXuAnva8
amo todos os sabasauers como se nunca os tivesse visto antes, rsrs
II- http://www.youtube.com/watch?v=1iOO8peSmz4
lindos poetamigos!


Sarau Doidão (no Bar do Adão, em 2007)
http://www.youtube.com/watch?v=vAdACauEh0w
ó eu aí, rs



E ficamos por aqui por enquanto!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Fecharam O Reino dos Céus

Na realidade, isso é uma música, que nem sei dizer em formato de poema. E muito menos tenho coragem de cantar. Quem sabe depois de umas vinte cervejas, se eu ainda lembrar a letra.


Fecharam o Reino dos Céus


Até quando a guerra é santa?
Depende de quanto custa sua alma
Meus olhos estão fechados
mas eu vou continuar de pé
Até que cavalo e cavaleiro
papa e guerreiro
sabiá e albatroz
a sua e minha voz
descansem no abismo voraz

Até a reitoria enviar
minha carta de alforria
Defende o que é certo
até ser expulso do inferno
Por ser naufrágio e veleiro
capataz e escudeiro
polícia e bandido
Eu juro em juíso perfeito
eu juro que desisto!

Não pise na grama
aqui jaz o nosso orgulho
Não caia no mar
sua vida vale um mergulho
Mas eu sou a gaivota
cheia de óleo de navio
Mas eu sou a luz da vela
se esgotando no pavio
Não olhe pra trás,
daqui não tem volta
pense no vôo
no vôo da gaivota

Mas eu vou pro céu porque fui um homem bom
- Sinto muito, nós matamos Deus no último verão

...Quem faz a guerra não quer receber perdão
Quem faz a guerra não quer receber perdão...


A onda do pouco falar e muito dizer

Com essa onda de twitter, tive que aprender a fazer pequenos poemas, senão não dá pra ficar postando poema de trechinho em trechinho. E passei a fazer essas coisinhas mais enxutas com certa facilidade. Tá até difícil escrever algo mais longo. Vou compartilhar com vocês coisas que escrevi ou que peguei emprestado:


Deus me ensine
(Isabela Figueiredo)

Deus me dê a sabedoria para distinguir
o que é certo do que é fácil
o que é inevitável do que é provável
o que é sombra do que é ausência
E o que é dádiva do que é dúvida
O resto é vida pra viver
e nenhuma dor pra pertencer!




Percalço
(Isabela Figueiredo)

Pé no chão
descalço
asfalto
vou seguindo seus passos
sentindo
todo o sangue
ficar
pelos meus rastros



Na Cama
(Cairo Trindade)

Como dizer
quem come
Se quando
nos amamos
temos a mesma
fome?




Visão de Mundo
(Isabela Figueiredo)

Viver só o hoje para não se perder
não vemos atrás do horizonte
cada vez que você quiser ver
vai se sentir mais longe.
Só agora importa, pois é o mutável
é onde as coisas acontecem
se você não se conecta ao mundo
o mundo te esquece.



entre o muito e o muito pouco
existe um meio caminho oco
um caminho vazio no meio do nada
um instante vácuo no cio
pronto para ser concebido

no meio do caminho havia...
um caminho do meio.
(Clauky)




Quem quer viver de poesia
que esteja preparado
para se alimentar de luz.
(Isabela Figueiredo)



COMUNHÃO DE DOIS CORPOS NO ESPAÇO
(Isabela Figueiredo)

Nossos corpos estavam colados
Eu sentia o seu suor
escorrendo pelo meu suor
e já éramos uma coisa só




Serpente...
serpentina
...de fogo
salamandra
suavemente
dança!
(Isabela Figueiredo)



Vou pedir sua mão
Mas não fique no meu pé
(Antonio Gutman)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Eu & Meu Armário

Poema! Poema! Poema!


Hoje de manhã estava comentando sobre como eu adorava essa coisa da multiplicidade do eu, de ser várias e, principalmente, já ter sido tantas. Esse assunto é recorrente em vários poemas meus e de poetamigos tão inconstantes quanto. Pra falar a verdade, eu adoro mudar, renovar, surpreender. E aí hoje eu abri o blog da Clauky e notei que ela diz "Minha mente é fértil...Estou grávida de idéias!". Isso me fez lembrar este poema que estou postando abaixo. Enjoy it!



Eu e Meu Armário
(Isabela Figueiredo)


eu sou uma pessoa muito parecida comigo
eu tô grávida de mim
a pessoa que eu era me engravidou
quando eu sinto, eu penso,
e sei distinguir quem de nós eu sou
às vezes é o recurso, o instinto de sobrevivência
às vezes o incontrolável inconsciente humano
nunca me darei nomes
sem saberei quantas somos
as outras assistem quando estou falando
mas estão lá, vivas, dando piteco
nos atos, fatos, percalços, incertos
tem horas que mando todo mundo ficar quieto
para poder escutar meus gritos

eu era todas as outras
mas às vezes aparece mais uma
eu sou todas elas e nenhuma

ninguém deveria julgar ninguém pela pessoa que foi
mas só por quem ela é agora
eu vi várias dentro de mim
e se tivesse faltado alguma
eu não seria a pessoa de hoje
mas a que fui ontem
porque me faltaria sempre uma

eu coleciono pessoas antigas
tem gente que coleciona coisas muito mais inúteis!
eu coleciono informações, palpites, experiências, observações
eu coleciono pessoas que eu não uso mais

às vezes as pessoas me perguntam:
Isabela?, pensando na outra
eu respondo Não, eu sou a Isabela.
mas acho que elas não entendem muito bem
já que me acham tão parecida comigo
mas não sou eu!
essa que você conheceu, agora é um casaco empoeirado
pode ter se passado duas semanas
quanto tempo você demora para trocar de casaco, afinal?
para perceber que uma calça justa não dá mais?
essa que eu sou já foi de alguém, talvez
ou veio uma manga de cada um
um botão de cada conselho...

é, você ganha uma pele nova
e ninguém repara que a antiga já era
todo mundo acha que cabe uma pele por cima da outra
ninguém espera que você se desfaça da velha amiga de tantos anos
mas essa não sou eu
eu sou uma pessoa muito parecida comigo
mas não me visto nem morta
só vira casaco quando me sobra
quando é hora de trocar a pele da cobra
enquanto isso eu ando nua
amassando espinhos, despetalando comentários
mas não sou aquela nem a outra
sou apenas eu e meu armário.

Quem tem medo dos seus Limites?

Muitas vezes deixamos de fazer algo por medo de tentar. Desde que eu entrei para a Biodanza, eu tenho dito pra mim mesma: "Vou fazer!", muito embora minha facilitadora diga que eu não preciso fazer, por só ter entrado há cerca de um mês e meio. Na verdade, ninguém é obrigado a fazer. Existe o conceito de respeitar seus limites para que a *vivência* não vire *sofrência*. Mas eu sempre faço, pois meu objetivo é expandir, transpor esses limites.
A partir da aula retrasada, comecei a perceber essas minhas limitações mais claramente. Tinha dificuldade quando era pedido que se dançasse em dupla e o meu par ficava esperando que eu comandasse. Eu não sei comandar. Sozinha, eu tenho muito mais liberdade inventiva. Em dupla, fico estagnada. Mas sei acompanhar.
Percebi também que na hora de receber a carícia, fiquei parada, sem um movimento que pudesse fazer com que os acariciadores intuissem que estavam agradando.
Durante a semana, fui pensando, vasculhando meu passado, atrás de um motivo para a minha própria repressão. Encontrei alguns. Mas na hora do feedback (conversa pré-aula), resolvi ficar quietinha, até porque tinha tido um dia dos piores e estava bem cansada. Como sempre, minha facilitadora disse tudo que eu não tinha dito por mim, ela sempre faz isso, afinal, deve ter sido meio óbvio que eu não entrei 100% na vivência.
Durante a aula, foi proposto que se fizesse uma roda, todos os integrantes estariam dançando e, um por um, entrariam na roda, sempre interagindo com os outros. Logo pensei "isso não vai dar certo", mas me propus a tentar. A música começou a tocar, respirei fundo, fechei os olhos por cinco segundos e tentei entrar no ritmo. Quando abri os olhos, eu simplesmente senti que não dava, tinha uma muralha entre mim e o centro da roda. Quando percebi, estava parada. Fui me sentar no canto da sala. Olhei meus amigos dançando, gostei de vê-los fazendo o exercício, mas não me vi ali.
Não sei se desisti do exercício por ter ficado pensando em limites durante toda a semana, arranjando desculpas pra eles, ou se, pelo fato deles sempre terem existido, isso justifica a existência deles...mas uma coisa é certa: não é bom falar de limites. De agora em diante vou sempre dizer EU POSSO FAZER TUDO QUE QUISER. Não espero que amanhã comece a fazer dança do ventre, mas quando me acostumar a não pensar em limites, eles não existirão mais.
Isso só mostra que eu estive certa em não compartilhar esse negativismo com o grupo, já que eu tenho plena consciência que preciso superar isso. É preciso selecionar o que você diz, assim como o que você pensa, não gostaria de fazer alguém pensar em limites, ainda que a idéia seja transcender. Dizendo que está tudo bem, não nos permitimos pensar sobre isso, e não aumentaremos sua importância.
"Eu Posso Fazer Tudo O Que Quiser!"
Obrigada.

(PS: Leiam 'O Segredo' - Rhonda Byrne)

domingo, 17 de maio de 2009

Desencatei do Universo. Me falta virar Tim Maia.

Só por eu estar acordada às 8h da manhã, vocês já devem saber que ontem não foi um dia do tipo, digamos, harmônico. A Lapa sempre tende ao Caos. Sempre que eu vou na Lapa acontece alguma coisa para me apurrinhar.
Primeiro foi a falta de bom-senso, educação e respeito do povinho inho inho brasileiro, costumeira, pelo trabalho alheio. Ao invés de valorizar, um sempre quer pisar na cabeça do outro para aparecer mais. Enquanto eu sempre tive na cabeça que quanto mais gente eu ajudasse a levantar, melhor. Engraçado isso, me volta todo aquele desespero adolescente do "não nasci pra viver nesse mundo, alguém me leva embora por favorrrr!" É sempre aquela velha história da humanidade não saber viver em sociedade.
Segundo ponto é que todo mundo que já sabia que ia dar merda, não foi. Eu ainda tô aprendendo a me preservar. Aliás, tô aprendendo a ficar mais atenta ao que os amigos me dizem e parar com essa mania besta de discordar. Isso não só em relação à Lapa, mas relação a tudo, enfim.
Quero chegar nesse tal desse bom-senso que o Tim tanto fala. Adorei o que meu amigo falou: "não vejo nada, não ouço nada", por um instante lembrei do Coro dos Inocentes, da peça 'Apocalipse Segundo Domingos Oliveira', mas é o certo a se fazer, fingir que não ouviu e seguir em frente, intacto. Infelizmente não cheguei AINDA neste ponto de evolução.
Vou repetir outra velha historinha: quando eu entrei pra poesia era um tal de um ajudar o outro, dizer o poema do outro por ter gostado do que leu, simplesmente. Todos iam a todos os saraus, sem definir onde e com quem. Não posso dizer que todo mundo se amava, mas não ter afinidade com alguém, não quer dizer transformá-lo no seu inimigo público e declarado. Ah, os saraus! Parêntesis para o momento nostalgia: (Por onde eu vou, todo mundo lamenta que os SabaSauers não se apresentem mais no Barteliê, aquele espaço, sim, era tão gostoso! Quando a gente chegava no Barteliê e descia aquela chave pela janela, as energias negativas ficavam do lado de fora.)
Ontem eu achei engraçadíssimo, enquanto quebrava, no dente e na marra, os maiores torresminhos que já encontrei, comecei a conversar com um sujeito sem saber quem era. Mas ele se lembrava de mim de trocentos anos atrás, antes de eu engravidar, quando freqüentava certo sarau, que também era ótimo e não existe mais(Sinal que a coisa tá ficando feia). Ele me disse o seguinte "vai por esse caminho que um dia você vai ser uma poeta"..........Como asssssssssim???????????? Depois de três anos de estrada o cara me diz isso!? Mas quando eu soube o nome do sujeito e quem era o seu "inimigo mortal", eu entendi a afirmação. Esse é o preço que eu pago por ter amigos invejados.
Quer dizer, é tudo uma questão de quem vai aparecer mais, de quem tem mais alunos, de quem vai se dar melhor no final. Pra essa gentinha inha inha, claro. Pois, por mais que a situação me atinja, nós, poetas que visamos celebrar a poesia, não conseguimos nos igualar e pagar na mesma moeda. É anti-ético e anti-evolutivo.
Já passei por várias situações parecidas e eles não sabem a força que estão nos dando enquanto nos denigrem. Pois então, que continuem!
Outra coisa que achei o cúmulo, foi este sujeito me perguntar: "se você já é poeta, o que ainda está fazendo com um professor?" (PS: Preferi não dizer que não tenho mais aulas de literatura e poesia, mas vou continuar chamando-o de mestre e professor pro resto da vida) Eu respondi: ando com ele por amizade. AMIZADE. Não, acho que ele não sabe o significado.
E apesar de estar bastante desencantada com o mundo, ainda acho que sarau é lugar de celebrar a vida e a poesia, e não de tentar converter seguidores para a "panelinha do contra", os fazer injúrias, ou denegrir alguém, ou fazer fofoca, etc. Pra isso, fica em casa. Então, vamos comemorar, que hoje é um novo dia e essa poesia está implorando para subir no palco e fechar o post.



Celebração
(Cairo Trindade)



hoje é sempre melhor
do que ontem,porque hoje é hoje,
esta coisa mágica,
única, surpreendente,
que se acaba de repente.


hoje é melhor
do que amanhã,
porque hoje é hoje
e estamos vivos
e plenos de tanto,
até não se sabe
como e quando.


hoje é sempre melhor que sempre,
porque o hoje foge,
amanhã é um mistério
e ontem é só memória,
história, já era.


hoje é sempre
o maior presente,
porque a vida é agora,
esta hora de som e luz e festa,
e este instante é tudo
o que nos resta.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Cara Isabela,

Chuva aterrorizante lá fora, enxurrada de pensamentos aqui dentro. Queria escrever pra mim uma carta para nunca mais cair nas bobagens que caí, para eu nunca me esquecer de tudo que aprendi com as pessoas erradas.
E a carta seria mais ou menos assim:


Querida Isabela,
Você pouco se lembra de mim, mas eu já fui muito parecida com você. Felizmente, você cresceu e eu fiquei no seu passado.
E embora você já tenha se esquecido de mim, há coisas que nós vivemos juntas e que você não deve se esquecer. A começar se você se sentir apaixonada. Não posso pedir que escute meus conselhos, até porque vc é mais velha que eu, mas se baseie em experiências anteriores da sua vida. E é isso que vim aqui lembrar-lhe.
Quando você conhecer uma pessoa, seja lá que intenção tiver com ela, ouça a opinião dos seus amigos sobre ela, se alguém já conhecê-la há mais tempo que você, peça a opinião deste alguém sobre sua sanidade e caráter antes de qualquer tipo de aproximação. Não avalie pontos negativos. Por exemplo: "Ela é meio maluca, mas é excelente pessoa", não, isso não vale. Se é maluca não é excelente pessoa, pode ser uma pessoa boa, mas não o suficiente para você se relacionar com ela.
Preste sempre atenção quando estiver namorando. Nunca passe por cima dos seus sentimentos por alguém. Não deixe que o seu namorado tenha mais importância em sua vida que você. Quando ele te der um fora, mande-o pastar, sem culpas. Sim, ele vai voltar arrependido. Sempre volta. Homem adora que a mulher seja decidida e coerente. Jamais caia na burrice de se deixar dominar por uma pessoa a ponto de voltar atrás em uma decisão previamente tomada só para não magoá-la. Você pode se magoar, mas ela não? Você não nasceu para ser crucificada. Nem Jesus escolheu isso pra ele, foi apenas uma fatalidade.
Se teu namorado te disser que não te ama mais e que vai te deixar, deixe-o primeiro. Isso vai fazê-lo pensar antes de falar. E você estará dando a ele a oportunidade de crescer. E se ele não fala nada mas não te trata mais com tanto carinho quanto no início, deixe-o também.
Se seu namorado for um 171 declarado, nada o impede de mentir para você também. Você não é mais esperta que o resto do mundo. O fato de vc poder vasculhar as coisas dele atrás de provas não é o bastante para descobrir certas fraudes, inclusive traições, se você levar a palavra do sujeito como a primeira verdade.
Nunca caia na besteira de sentir-se dona de uma propriedade quando se trata de uma pessoa. Ninguém pode ser dono dos seus pensamentos, seu único dono é você mesma.
Case com alguém que gosta de conversar. Mesmo se a pessoa fizer lipo, plástica, botox, não vale à pena ficar mais de duas semanas com alguém que não sabe bater um bom papo. Entenda por "papo" ouvir e ser ouvido. "Falar" indefinidamente não é conversar. Atenção: Nunca desrespeite esta regra!
Você não se lembra, mas te conheci bem o bastante para saber que você se apaixona fácil, tem sorriso fácil, mas não é fácil. Não espere que todos entendam isso. Quando precisar, dê um basta. Lembre-se que pedir socorro, às vezes, é necessário. Quando você se sentir impotente, peça ajuda a quem tem obrigação de lhe ajudar. Sejam amigos, professores, ou até mesmo a polícia.
Não fale mais do que deve. Quando, por uma ingestão alcoólica, você sentir as palavras saindo de sua boca, engula rapidamente. Você sabe que amanhã vai se arrepender de ter falado isso.
Se você não souber como puxar papo, não puxe. Quando encontrar uma pessoa determinada a entrar na sua vida, o assunto vai fluir rapidamente.
Não adianta apenas saber seus limites, tem que insistir nos exercícios para transcender.
Você não é obrigada a entender tudo nem saber de tudo, você é humana e tem outras prioridades que não lhe permitem se aprofundar mais em certo assunto. Não é vergonha admitir que não sabe. Não finja que sabe. A pessoa nota que você não sabe pela sua insegurança.
Se afaste de pessoas que te fazem mal. Não lhes dê ouvidos. A harmonia só pode ser alcançada através da auto-educação. Não pague o mal com o mal. Mas saiba dar um chute no saco se for preciso.
Não existe azar nem má sorte, existem fatalidades.
Nenhum ritual(de TOC) pode mudar o curso da sua vida. Repito: Você é o dono dos seus pensamentos.
Sempre diga que ama e mostre o quanto ama uma pessoa, você não se arrependerá. Melhor deixar flores do que espinhos no seu caminho.
Não dá pra ser amigo de todo mundo, nem tente.
Há pessoas que vão lhe magoar, isso não é motivo para que considere-as como inimigos.
Lembre-se do seu lema: Disciplina, Perseverança, Superação!
Se você for subir um degrau, carregue quantos amigos puder, mesmo que eles não estejam no mesmo degrau que você. Eles vão querer te acompanhar e vão ficar felizes por você ter pensado neles durante sua subida, pois a maioria só lembra quando cai.
"Pô, mas você me manda uma carta só pra me dar ordens? Te conheço?" - Estou apenas te lembrando, se você vasculhar no seu cérebro, vai encontrar vagas lembranças e saberá que tudo que digo é verdade.
Leia e absorva esta carta todas as vezes que estiver em dúvida sobre que decisão tomar.
Quero ressalvar que esta carta não vai impedir você de se decepcionar, ninguém está a salvo disso, ainda que se precaveja.
Saudações e juízo!

Assinado: A Sua Eu Antiga de 15 de Maio de 2009, às 16h07m.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Deus Ajuda Quem Sai Na Madruga

Ontem fui convidada a ir ao Terça em Movimento, movimento cultural que integra teatro, poesia, música e artes plásticas (e o que mais aparecer) e acontece ali no Conversa Afinada(boate no 3° piso do famoso Conversa Fiada). Do meu clã de poetas presentes, Cairo Trindade, Alda, Daniel(que eu conheci neste dia) e Mariana Valle, apenas a Mariana e o Daniel subiram ao microfone. Mas se o organizador tivesse dito "microfone aberto", com certeza iriam aparecer mais poetas desconhecidos, pois havia muitas *figuras* no local.
Depois começou o baile ou, pra modernizar o termo, a boate.
Mariana e Cairo foram embora cedo, o Daniel se disperçou do grupo não sei em que momento, e ficamos eu e Alda dançando enlouquecidamente até às 4h da manhã.
Engraçado como depois das 3h, tocou até coisas impróprias como Hilari-hilari-hilariê e Plunct-Plact-ZUM, com direito a trenzinho! Seguido de funk para relembrar Mc Marcinho. O baile foi gostoso, todo mundo no clima, a não ser por certa desavença entre uma garota e seu namorado, nada que valha à pena comentar. Muita gente jovem e bonita, todas as culturas juntas. Bonito de se ver.
Não me embebedei, tomei apenas 4 skol shot. Só fiquei bêbada na hora de pagar. R$5,90 cada uma. Nunca paguei tão caro por uma cerveja. Mas também não dei os 12%! Não dou, não dou!
A noite cara do Rio de Janeiro me deixou com sentimento de culpa. Se soubesse o preço da cerveja, teria me embebedado no pé-sujo antes. Para ser carioca de classe-média, não se pode ter preconceito contra boteco.
Voltei pra casa, rua deserta, a pé, pois tinha consumido o dinheiro do taxi.
Quando estou nessas situações, eu começo a falar alto comigo mesma ou dizer poesia ou cantar uma canção, assim, se tiver pivete no meu caminho, já sabe que eu sou doida de pedra. E vou sobrevivendo sem um arranhão, mas com um buraco sem fundo na carteira.

terça-feira, 12 de maio de 2009

A Lenda dos Ogros

Lembro de um sonho que minha prima me contou uma vez, em que ela estava num shopping e de repente começaram a evacuar o shopping porque havia uma bomba. Ela estava com uma amiga e de repente a amiga sumiu e ela ficou procurando infinitamente. Até que o sonho acabou com minha prima e a mãe dela, tranqüilamente, numa loja, comprando biquini de crochê.
Ela diz que isso foi influência minha, pois eu sempre contava meus sonhos malucos pra ela.
Minha mãe sempre me pediu que anotasse meus sonhos. Mas a maior parte deles nunca teve pé nem cabeça.
Há umas semanas atrás minha amiga me mostrou um caderno onde ela anotava alguns sonhos, e lembrei que teve uma época que eu comecei a anotar também, mas parei porque depois de anotar eu ia analisar e isso levava muito tempo e à muitas interpretações diferentes.

Mas hoje eu tive um sonho diferente. Neste sonho, estava eu e mais três pessoas, sendo uma delas um mago secular e estávamos observando um grupo de ogros pulando de árvore em árvore, fazendo um escarcéu. E o mago me contava essa lenda:

- Os ogros existiram como ogros há muito tempo atrás. Mas teve um dia em que Deus queria ouvir as vozes do lago, e os ogros, muito barulhentos, não deixavam. Então, Deus transformou todos em pedras, borboletas, e assim ficaram por muitos séculos.
Agora, Deus permitiu que eles voltassem à sua forma original, já que os homens não se importam com o barulho e o Caos. "Mas por que ninguém os vê?", perguntei. O mago respondeu: - Ora, Deus diria que muitos não enxergam além do se próprio nariz. Mas alguns podem vê-los como nós estamos vendo. Uma parte dos homens apenas sente que algo está diferente, outra parte é tão ou mais barulhenta que os ogros, por que haveriam de notá-los?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ando variando...

Bem, em quarta-feira, 8 de Abril, eu coloquei um poema chamado Descalça, que foi inspirado num poema chamado Vario&Desvario de Clauky Saba. Por alguma abstração alcoólica, acabei não colocando o poema original. Sei lá, acho que ando variando. Então peço licença da minha grande amiga Clauky, sem prévia autorização, já que sou muito abusada, para postar o poema dela neste espaço:

vario & desvario
(Clauky)

andam dizendo por aí que eu ando variando.
só porque eu sou eu e sou muitas eus,
em meu estilo básico louco romântico
inconstante depressivo maníaco
neurótico e bacana?

ando variando,
ora pé, ora cabeça
mudam de idéia,
mudam senso e direção.

ando variando,
ora amanheço, ora tardo,
mas, não falho,
só vario, sem exceção

vario porque sou várias eus,
esfinges e coliseus,
indecifráveis e fascinantes!

amo todas as minhas faces
como se nunca as tivesse visto antes.

sem recalques nem percalços,
ando com meus pés descalços.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Estradinha de pensamentos

Nada melhor que uma Estradinha de Pensamentos para celebrar um novo começo. Um dos meus poemas mais queridos, concebidos com tanto cuidado. Encontrei no meio da bagunça do meu e-mail, meio empoeirado, mas ainda não gasto.


Estradinha de Pensamentos
(Isabela Figueiredo)

Decidida e incoerente com meus princípios de vida
lá vou eu, meio comedida, pulando pedras, chutando latas
pela estradinha de terra que escolhi pra construir minha casa.
Nem contida, nem perdida, sem roteiro, plano ou asas
lá vou eu, meio comedida, pulando pedras, chutando latas.

Variada das mais distintas desimportâncias
molho o pé no rio poluído, contraio ignorância
pelos anos de arte mal-vivida que morri cada dia.
Cambaleando palavras-chocas e coisas tóxicas
molho o pé no rio poluído, contraio ignorância.

Desincumbida de qualquer missão válida de uma menção
perco meus sentidos num lago alagado de espelhos
pelas inversões que fiz e pelos avessos.
A aversão ao que é concreto me levou à quase confidência:
perco meus sentidos num lago alagado de espelhos.

Versátil e duradoura, inventei meus pantáculos
proteger-me dos seguidores dos meus próprios obstáculos
era meu objetivo maior até do que pulá-los.
A contramão do meu destino pensava, que desatino
proteger-me dos seguidores dos meus próprios obstáculos!

E, como se não bastasse, não obstante, o instante chegava
a casa eu já avistava e a entrada era de orvalho
a cada passada pra frente me sentia distante e onipotente.
Já criei espinhos e perfumes, já fui princesa e espantalho
mas a casa eu já avistava e a entrada era de orvalho.

Ratos em novo endereço

Vou começar a postar sobre os saraus, pois estava conversando com o porteiro do meu prédio e ele disse ter escrito uns dois poemas na escola e, como todo mundo, diz gostar de poesia, mas a verdade é que os pobres mortais não sabem que existem recitais de poesia pela cidade acontecendo a todo momento. E muitos acham, inclusive, que os poetas já morreram, que não nascem mais poetas, que não existem saraus...Meu deus! Que seria de mim se a poesia estivesse morta? Teria que inventá-la novamente. Mas é compreensível, tendo em vista que hoje em dia ninguém tem tempo pra nada, estão sempre correndo para chegar a algum lugar e quando chegam não era o lugar onde gostariam de estar.
Ontem fui a um sarau na Lapa. Os Ratos DiVersos mudaram de casa. Agora o sarau acontece na Rua Gomes Freire 602, quase esquina com a Rua do Resende. Começando às 20h, acabando sabe-se lá até a hora que puder. Bom, pra começar, muito melhor que nos anteriores Beco dos Ratos e das Carmelitas, quanto à energia, é outra coisa, nem se fala! Muito borburinho de gente conversando, é verdade, mas quem está interessado em ouvir, consegue ouvir por conta do microfone.
Tem aquelas máquina de pôr música, isso garante a farra até o bar fechar. Mesmo que os Ratos já tenham ido embora e não reste poeta sobre poeta.
Cerveja gelada. Isso é importante. Banheiro limpo. Isso é imprescindível!
E muitos poetas talentosos, gente bonita e descontraída.
Avisarei quando souber ao certo o próximo dia.

Fica aqui o meu apreço pelos Ratos.

domingo, 3 de maio de 2009

As Pessoas

Eu tinha tudo para detestar as pessoas, já me foram dados todos os motivos, eu podia ser um serzinho anti-social e me esgueirar pelos cantos procurando as sombras para não ser notada.
Já passei pela inveja, já fui alvo de vários tipos de violência, já me magoei, já me emputeci, já senti o desprezo de outros, já fui censurada, já fui odiada e nem sempre saí ilesa.
Algumas pessoas que atravessaram meu caminho, deixaram uma ferida profunda que foi difícil de fechar.
Mas apesar de todas as barbaridades que um ser-humano é capaz, vejo as pessoas com tanta admiração. Por cada ser individual e o contraste dele com o grupo. Não há praticamente nada que um ser-humano possa fazer que tire o seu encanto e o meu deslumbramento, ainda que cheios de atos bárbaros, são fascinantes. A mente humana e seus inúmeros caminhos, pontos-de-vista, mudanças, extravios, desvarios... Eu adoro a humanidade, mesmo que ela não seja tão humana quanto parece.


As Pessoas
Isabela Figueiredo

As pessoas? eu adoro as pessoas.
Elas são loucas, insanas, doentes,
magnatas, mendigas, dementes,
brutas, calmas, impertinentes,
Eu adoro! Adoro...as pessoas são
poetas, políticas, prudentes,
visionárias, calmas, incoerentes,
bruxas, fadas e duendes!
Poxa, as pessoas são fantásticas!
umas correm atrás de emprego
outras vivem em estado de graça,
umas saem à noite
outras trabalham de madrugada,
umas se espremem nos ônibus
outras se espremem no banco,
umas são lindas e sabidas
outras são tristes folhas em branco.
As pessoas! Como elas são fascinantes!
umas dão sua vida pra salvar o outro
outras sentam e esperam ser salvas,
umas gostam de rock’n roll, samba,
outras curtem funk e valsa.
As pessoas e suas diferenças
e suas divergências e suas semelhanças
e sua mania de querer conviver em sociedade sem respeitar o direito das pessoas as quais chama sociedade.
Sim, as pessoas são fascinantemente descontentes com tudo que olha e passa.
Mas se acomodam e não reclamam
junto à justiça dos homens,
recorrem ao tempo, a Deus
ou ao esquecimento.
As pessoas amam e sofrem
e tudo ao mesmo tempo.
As pessoas relutam em acreditar nas pessoas.
As pessoas magoam e são muito cruéis quando querem atingir as pessoas.
E as pessoas são fortes na frente das pessoas e fracas dentro de si mesmas.
Ah!
Eu adoro as pessoas! Como elas são tantas e tão diversas! ...E tão iguais.